Page 16 - Liber do Guerreiro
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Então alguma coisa começou a não funcionar, forças sinistras se apossaram
das rédeas da civilização, e começaram a conduzi-la por vias tortuosas e tenebro-
sas, adotaram sistemas econômicos, onde o principal fator de produção era a explo-
ração do homem pelo homem.
A relação capital trabalho se aviltou em detrimento das massas trabalhadoras
e produtivas. Começaram então a aparecer, os primeiros sinais de perigo, eram tê-
nues, e se convenientemente tratados nesse início, não teriam maiores conseqüên-
cias, porém esta não foi a atitude adotada, e os efeitos nocivos dessa forma de pro-
gresso, se multiplicaram, e foram se acumulando de maneira lenta, porém firme e
incontrolável a partir de determinada época.
Em alguns locais do planeta, a degradação da qualidade da água é irreversível,
colheitas são abandonadas, populações migram, impulsionadas pelas condições ad-
versas de subsistência. Como foi possível, e como se permitiu chegar a esse estado
de coisas ? Simplesmente a insensibilidade do homem, a ganância insaciável de cer-
tos esquemas financeiros, e a completa ausência de uma consciência planetária, es-
ses fatores atuando isolada e combinadamente, contribuíram definitiva e decisiva-
mente para a situação de permanente desastre ecológico, em que quase já nos en-
contramos. A exceção de Deus, tudo tem um começo, e seria interessante registrar
aqui o início da tragédia ambiental que estamos presenciando. A chamada Revolu-
ção Industrial, determinou o começo das grandes concentrações humanas, todas
elas ocorrendo sem um planejamento adequado e sequer um mínimo de estrutura
sanitária aceitável. Londres, Nova York, Chicago, Barcelona, para citar como exem-
plo alguns desses matadouros coletivos, são a expressão mais evidente de até onde
pode chegar a imprevidência, a insensatez e o descaso do homem. Centenas de mi-
lhões de seres humanos, durante décadas a fio produzindo dejetos e lixo, que se
acumulam, e não são tratados de maneira adequada. A tentativa de eliminação des-
ses detritos, através da instalação de fossas e aterros sanitários, é ainda, decorridos
180 anos do início da febre de industrialização e posteriormente da era tecnológica,
a única maneira de tratamento existente em 90% dos aglomerados humanos, isso,
quando há tratamento. É claro que a velocidade com que a natureza absorve e eli-
mina esses detritos é menor do que a velocidade com que eles são produzidos, e o
efeito desde desequilíbrio se fez sentir ao longo dos anos, os lençóis freáticos come-
çaram então a ser inexoravelmente comprometidos. Um outro aspecto que deve ser
ressaltado, é a total ausência de uma política educativa ambiental, no currículo dos
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