Page 15 - Liber do Guerreiro
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do, e continuaremos atuando, sempre que se desenhar qualquer ameaça, que po-
                nha em risco o equilíbrio e a estrutura do maravilhoso mecanismo celeste. Esta é a
                nossa função, para isso fomos criados e instruídos, acorrer sempre que convocados

                para a luta, onde e quando esta ocorrer, enfrentar como agora enfrento, inimigos
                de igual conformação física, e de semelhante poderio e técnica, que de nós se dis-
                tinguem apenas por sua índole e propósitos contrários. Nesse preciso instante, ob-

                servo mais detidamente o meu adversário, recuando e avançando em minha dire-
                ção, reconheço em sua fisionomia, agora dura e fechada, o rosto amigo de um anti-
                go aliado, o que teria acontecido ? Por que se bandeara para as hostes inimigas ?
                Faço-lhe mentalmente, essas e outras perguntas, ele não pode sonegar as respos-

                tas, não pode fugir ao meu inquérito, justo e necessário. A sua resposta foi surpre-
                endente.


                     Não há motivos, não há porquês, apenas obedeço a minha natureza, e assumo
                toda a responsabilidade pelos meus atos. Você se encontra no lado oposto, eu luto
                contra você, não há nenhum motivo pessoal nessa luta, cumpro apenas o meu des-

                tino, sigo a minha intuição, tento realizar a minha missão, sou leal a causa que a-
                bracei, assim com a água, ocupo o espaço disponível, ou então, abro paciente e de-
                terminadamente o meu próprio caminho, e assim como a água,  posso me tornar

                puro ou impuro, bom ou mal, essas características físicas ou morais, são as circuns-
                tâncias, as condições, e o ambiente que determinam.


                     Água,  ambiente,  circunstâncias,  condições,  essas  palavras  me  soaram  como
                tristes lembranças, reminiscências de uma época áurea e distante, onde a natureza
                em harmonia, iniciava, regida pelos desígnios dos mentores e jardineiros do espaço,

                o processo biológico que determinaria a eclosão de vida. Um roteiro paciente, pla-
                nejado, determinado, criativo, de múltiplas experiências, de ensaios e aparentes er-
                ros, onde o campo de provas, era a superfície receptiva e ainda rebelde do recém
                formado planeta terra, que com esse nome, viria a ser o local, onde contrastante-

                mente, seria a água o elemento predominante. Essa mesma água, sob diversos e
                variados  aspectos  de  apresentação  física  e  associada  quimicamente  a  outros  ele-
                mentos, serviria de matéria prima para todo um ciclo evolutivo, que se desenvolve a

                bilhões de anos. Durante milênios, esse elemento serviu ao homem, abundante, far-
                ta, pura; abasteceu vilas e cidades, irrigou plantações gigantescas e pequenas la-
                vouras, moveu moinhos e imensas usinas, sempre presente, sempre generosa, pôr

                vezes escassa, mas por culpa do próprio homem, porém sempre útil, versátil e in-
                dispensável.


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